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UFPR recebe patente por tecnologia que inativa microrganismos em combustíveis líquidos

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A busca por soluções que melhorem a qualidade e a durabilidade dos combustíveis tem ganhado destaque na pesquisa acadêmica. Um projeto inovador, desenvolvido por uma equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR), utiliza a radiação ultravioleta (UV) para inativar microrganismos presentes em misturas de biodiesel e diesel, abordando um problema crescente na indústria de combustíveis.

Reator de radiação ultravioleta

“Tenho muito orgulho desse projeto, para mim ele foi crucial no meu desenvolvimento profissional. Trabalhar com os Professores Helton e Fábio foi uma experiência muito boa”, afirma Andressa Neves. 

O projeto iniciou-se em 2018 durante o seu  mestrado, e finalizado no final do doutorado em 2023.  “Passamos por diversos momentos difíceis como a pandemia, mas foi gratificante finalizar. A patente foi iniciada em 2019, e após 5 anos tivemos esse retorno”, diz Andressa. 

Andressa Caroline Neves, uma das inventoras da patente, realizou sua pesquisa de mestrado sob a orientação do professor Helton José Alves e coorientação do professor Fábio Rosado, ambos vinculados ao campus de Palotina da UFPR. O projeto, que não contou com financiamento externo, foi idealizado a partir de recursos próprios do laboratório e conhecimento acumulado em pesquisas anteriores.

O Problema da Borra em Combustíveis

Com o aumento do teor de biodiesel nas misturas com diesel, surge um desafio: a formação de borra. Esse material particulado se desenvolve em ambientes favoráveis à proliferação de microrganismos, que encontram no combustível uma fonte de carbono. A borra pode obstruir os bicos dos motores, aumentar a demanda por filtragem e até causar corrosão, acarretando custos adicionais para a indústria e consumidores.

A Tecnologia Inovadora

A tecnologia desenvolvida no Laboratório de Materiais e Energias Renováveis – Setor Palotina (Labmater) envolve um sistema móvel que utiliza colunas de vidro equipadas com lâmpadas UV, permitindo a circulação do combustível. A ação da luz UV é eficaz na danificação do DNA dos microrganismos, resultando na sua inativação. Os experimentos demonstraram uma inativação expressiva, aumentando a vida útil do combustível e sua qualidade, além de reduzir a necessidade de aditivos.

O fundador e pesquisador do Labmater, Helton José Alves, destaca que a aplicação dessa tecnologia é versátil, podendo ser adaptada para diferentes escalas, desde pequenas distribuidoras até refinarias e empresas de transporte com seus próprios postos de abastecimento. A proposta é viabilizar parcerias para testes em maiores volumes, buscando aumentar a maturidade tecnológica da solução, atualmente avaliada em um nível TRL 5, com potencial para alcançar TRL 7 ou 8. “Como pesquisadores, buscamos desenvolver, colocar em prática a ideia e fazer ela funcionar”, disse o pesquisador Helton José. 

Com o aumento do uso de biodiesel, que é derivado de matérias vegetais, surge o desafio da formação de água e microflora dentro dos tanques de armazenamento e dos motores. “Esses microorganismos podem degradar as características físicas e químicas do combustível ao longo do tempo, levando à sua deterioração. O projeto visa controlar o crescimento desses micro-organismos que prejudicam o biodiesel. Os resultados obtidos até agora têm sido promissores”, pontua Fábio Rogério Rosado, professor e biólogo do Departamento de Biociências da UFPR, Setor Palotina. 

Tanque de estocagem que apresenta contaminação microbiana na interface óleo/água. Fonte: Pinho (2016).

Contribuições e Futuro da Pesquisa

A pesquisa sobre a inativação de microrganismos no biodiesel representa um passo importante na descarbonização dos combustíveis. A iniciativa não apenas melhora a qualidade do combustível, mas também fortalece a economia nacional, reduzindo a dependência de diesel importado e promovendo o uso de biocombustíveis.

“O diesel hoje é um dos vilões que nós temos com relação às emissões de CO2, por ser um hidrocarboneto não renovável. Saber que uma tecnologia que foi desenvolvida aqui dentro da universidade, nos nossos laboratórios, é capaz de auxiliar nesse processo, de permitir tanto uma adição maior de biodiesel quanto a questão de manutenção da qualidade desse combustível e o aumento do tempo de estocagem dele. Isso é muito interessante pensando ao longo de toda a cadeia dos biocombustíveis, em especial do biodiesel, que tanto cresce hoje no Brasil e no mundo. Vale ressaltar que uma parte significativa do diesel comercializado atualmente é importada”, destaca o pesquisador Helton.

Os pesquisadores estão otimistas com a possibilidade de levar a tecnologia ao mercado, contribuindo para uma maior sustentabilidade no setor de combustíveis e beneficiando a sociedade como um todo. Com a proteção da patente concedida, o trabalho realizado pela equipe da UFPR é um exemplo de como a pesquisa acadêmica pode resultar em inovações significativas para o meio ambiente e a qualidade de vida.

 A Agência de Inovação da universidade, vinculada à Superintendência de Parcerias e Inovação (Spin), que auxilia os pesquisadores no processo de solicitação, é parte fundamental de todo o processo das inovações registradas. Veja aqui.

Os titulares da patente são: Helton José Alves, Andressa Caroline Neves e Fábio Rogério Rosado.

Imagem de destaque: Freepik

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