O Laboratório de Inovação em Neurociência do Consumo (SinapSense), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizou o primeiro estudo oficial sobre nômades digitais brasileiros. A pesquisa, feita em parceria com o The Nomadic Club (clube brasileiros que reúne nômades digitais), traz um panorama inédito sobre esse estilo de vida emergente.
O estudo teve objetivo de compreender o perfil, hábitos, interesses e escolhas desses profissionais brasileiros que adotam o nomadismo digital como estilo de vida. A pesquisa foi conduzida entre maio e agosto de 2024, utilizando uma metodologia quantitativa.
Sob a orientação das professoras Letícia Herrmann e Juliane Martins, alunos do curso de Comunicação Institucional, integrantes no núcleo de pesquisadores do laboratório, participaram do estudo. De acordo com a professora Letícia, o The Nomadic Club procurou o SinapSense para ter uma parceria com a universidade na realização.
“A gente aceitou fazer a pesquisa, nas suas várias etapas, e nos ajudaram na divulgação, porque é um público muito específico. Foi uma pesquisa bem desafiadora, porque a gente não tem uma noção, um censo de quantas pessoas são, até pela situação de nômade. Foi bem interessante, um projeto que a gente ficou bem feliz em fazer. Fizemos a parte científica toda da pesquisa, aplicação, análise de dados e de resultados”, explica.
Para a realização do estudo, tanto alunos de extensão quanto de iniciação científica participaram do tratamento dos dados. A pesquisa começou há cerca de um ano e os estudantes se dividiram nas etapas, como elaboração do questionário de pesquisa, tabulação de dados e divulgação. A professora Letícia conta da importância do alinhamento entre teoria e prática.
“A pesquisa faz uma inserção deles no mundo do trabalho, eles aprendem o processo real e não fica só em âmbito teórico. A gente faz todo o processo de metodologia, depois faz a coleta, depois analisa, faz relatório e eles participaram ativamente, com muito mérito de todo o processo”, afirma. “Para a formação deles isso é muito bom, porque não tem livro que vai ajudar a ver na prática, na sua própria prática”.
Quem são os Nômades Digitais Brasileiros?
O estudo revelou que os nômades digitais brasileiros são predominantemente jovens (entre 24 e 40 anos), solteiros, sem religião, com curso superior ou pós-graduação, atuando majoritariamente em setores como marketing digital e tecnologia da informação (TI). Esses profissionais conseguem uma renda mensal entre 4 a 10 salários mínimos, mas alguns declararam ganhar mais de R$28.000 mensalmente.
Além disso, segundo o perfil traçado, não possuem filhos e trabalham em empresas nacionais ou como autônomos. Dedicam entre 30 e 40 horas semanais ao trabalho, que é realizado, em sua maioria nas próprias hospedagens, que são aluguéis de temporada, onde ficam entre um a dois meses em média.
Os homens, que representam uma pequena maioria, geralmente se dividem entre trabalho formal, empresários e profissionais liberais. Já as mulheres, em sua maioria, possuem pós-graduação e ocupam cargos em trabalho formal, são autônomas ou empresárias. Ambos os gêneros relatam trabalhar de 30 a 40 horas semanais, indicando um equilíbrio entre a vida profissional e o estilo de vida nômade.
Um dado interessante apontado pelo estudo é que a maioria dos nômades digitais prefere passar o tempo sozinhos (58%) e realizam o nomadismo de forma individual (57,5%). Quando se trata de lazer, os nômades optam por atividades ao ar livre (64%), como caminhadas e explorações em novos destinos, seguidas de experiências culturais (53%). O levantamento mostra que destinos internacionais são preferidos, e muitos dos participantes estavam no Brasil no momento da pesquisa.
Mesmo com a distância da família e amigos, 35% dos nômades visitam seus familiares uma vez por ano, e a maioria deles se sente confortável ou indiferente em relação à distância. Quanto à vida social, 61% afirmam gostar de fazer novas amizades durante suas viagens, e a maioria não tem preferência em se relacionar com outros nômades digitais (75,5%). Sobre aplicativos de relacionamento, como Tinder, somente 23% citou usar com frequência.
A principal motivação para o estilo de vida nômade é o desejo de conhecer outros locais e culturas (90%), seguido pela liberdade (77%) e pelo próprio estilo de vida (70%). No entanto, os maiores desafios incluem questões de saúde (68%), falta de dinheiro (55%) e relações familiares (40%), que foram citados como possíveis motivos para abandonar o nomadismo.
Os detalhes do estudo, bem como download da versão completa podem ser encontrados no site https://estudo.thenomadic.club
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